terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Nomeações Óscares 2013

E chega finalmente o talvez maior evento da indústria cinematográfica: os Óscares.

Não nos iludemos: a Academia não deixa de ser uma empresa em Hollywood, pelo que vão ser sempre os "grandes filmes" a ser nomeados. Geralmente, quanto maior a promoção para um filme, maior a probabilidade de ser nomeado. Já para não falar das pessoas mais populares ou como se perdem tantos bons vencedores em nome do "tempo em activo" ou os "prémios de consolação", factores sempre presentes na escolha dos vencedores. Sim, eu sou daqueles que critica a Academia por continuar a dar atenção à propaganda, mais do que à qualidade cinematográfica.

Não obstante, este ano surge esperança com Amour entre as maiores categorias. Não só é um filme europeu como é, de facto, excepcional. Espero que este seja um sinal de uma nova era.

Contudo, são factos: trata-se da cerimónia de prémios mais antiga do entretenimento, a mais comemorada e a mais prestigiada. E, para cinéfilos, é sempre um evento a seguir. Para mim, continua a ser a época em que olho para o ano que passou e relembro os meus filmes preferidos. E quem não gosta de uma boa aposta?

Apresento-vos então os nomeados para este ano (informação tirada da Wikipedia.com, site oficial aqui):

Melhor Filme Melhor Realizador
Melhor Actor Melhor Actriz
Melhor Actor Secundário Melhor Actriz Secundária
Melhor Argumento Original Melhor Argumento Adaptado
Melhor Filme de Animação Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Documentário Longa-Metragem Melhor Documentário Curta-Metragem
  • InocenteSean Fine and Andrea Nix Fine
  • Kings Point – Sari Gilman and Jedd Wider
  • Mondays at RacineCynthia Wade and Robin Honan
  • Open Heart – Kief Davidson and Cori Shepherd Stern
  • RedemptionJon Alpert and Matthew O'Neill
Melhor Filme Curta-Metragem Melhor Filme Animado Curta-Metragem
  • AsadBryan Buckley and Mino Jarjoura
  • Buzkashi Boys – Sam French and Ariel Nasr
  • Curfew – Shawn Christensen
  • Death of a Shadow (Dood Van Een Schaduw) – Tom Van Avermaet and Ellen De Waele
  • Henry – Yan England
Melhor Banda-Sonora Original Melhor Canção Original
Melhor Edição de Som Melhor Mistura de Som
Melhor Design de Produção Melhor Fotografia
Melhor Maquilhagem e Penteado Melhor Guarda-Roupa
Melhor Edição Melhores Efeitos Especiais

Surpresas? Algumas.

É muito, muito bom ver Amour entre as categorias mais importantes. Foi um dos meus filmes preferidos de 2012 e é sem dúvida dos melhores que foram feitos o ano passado. Ver a Academia reconhecer não só um excelente filme como também o cinema europeu é uma agradável surpresa.

Sem grande choque, Lincoln lidera as nomeações. Certamente que para os americanos o filme diz muito e é possível que seja um dos grandes vencedores. Para o resto do mundo, fica a curiosidade. Não é o filme que mais anseio ver de entre os nomeados.

Ainda só tive a oportunidade de ver Amour e Les Miserábles, de entre os filmes nomeados para Melhor Filme. Espero conseguir ver mais até dia 24 de Fevereiro (quando o evento ocorre), contudo acredito que continuarei a defender Amour para este grande prémio. Les Miserábles tem, a meu ver, grandes chances na grande categoria.

Quanto à realização... Michael Haneke, claro! A menos que a Academia ache que já não dão um Óscar ao Spielberg há muito tempo... Mas, por favor, Haneke é um melhor realizador que Spielberg!

Apesar de Denzel Washington e Daniel Day-Lewis parecerem ser os preferidos para a categoria de Melhor Actor, acho que a verdadeira luta é entre Daniel Day-Lewis e Hugh Jackman. O trabalho de Jackman em Os Miseráveis é impressionante, merecedor de Óscar. Ganhá-lo-á? Acho que Day-Lewis pode muito bem contar com um terceiro Óscar... Mas, por aqui, apoiamos Hugh Jackman!

Melhor Actriz, Emmanuelle Riva. É simples: podem negar todos os prémios a Amour, excepto o prémio de Melhor Actriz. Emmanuelle Riva dá a performance que todas, todas as actrizes devem tentar atingir (sim, até a tão venerada Meryl Streep ainda não fez uma actuação como a que Riva oferece).

Actriz Secundária, Anne Hathaway. É a preferida e fez uma actuação surpreendente. Ainda me lembro das pessoas estarem bastante cépticas quando souberam que ela faria de Catwoman no O Cavaleiro das Trevas Renasce, acreditando que não tinha cabedal suficiente para o papel. Acabou por ser a actuação mais impressionante e marcou Hathaway como uma das melhores actrizes da actualidade. Sim, é verdade. Prepara o discurso Anne (a menos que a Academia nos faça uma má surpresa e dê o Óscar a Amy Adams, que já anda atrás dele há alguns anos... Esperemos que seja apenas eu a pensar em voz alta).

Actor Secundário, ainda não vi nenhuma das actuações, não tenho opinião sobre o assunto. Christoph Waltz e Philip Seymour Hoffman parecem-me os prováveis vencedores.

Infelizmente não vi nenhum dos filmes de animação nomeados, mas tenho a dizer: todos os filmes nomeados parecem merecedores da distinção.

Apesar de ter visto poucos nomeados, aqui vão os meus restantes palpites: A Vida de Pi para Melhor Fotografia, Django Libertado para Melhor Argumento Original (ainda não vi, mas este parece ser o favorito. Moonrise Kingdom seria um bom vencedor, já vi o filme e aprovo. Apesar de Amor estar nomeado nesta categoria, parece-me improvável ser o vencedor), sem qualquer opinião para Melhor Argumento Adaptado, Amor parta Melhor Filme Estrangeiro, Skyfall para Melhor Canção Original (sim Adele, vais levar o Óscar quase de certeza), Maquilhagem e Efeitos Especiais para O Hobbit (que também já vi, e de facto não merece mais do que isto), e infelizmente não tenho mais nenhuma opinião em relação às outras categorias.

Ausências? Sinceramente, nenhuma. Talvez alguns actores de O Exótico Hotel Marigold merecessem uma distinção, mas o filme foi lançado muito fora da "época dos Óscares" (outra injustiça). De qualquer forma, acho que a Academia soube escolher.
O Cavaleiro das Trevas Renasce, ainda que dos filmes que mais gostei de ver, não é verdadeiramente merecedor de qualquer uma das categorias.
Estou admirado que filmes como Hitchcock e Killing Them Softly tenham passado despercebidos. Apesar de não os ter visto, parecem-se ser filmes que a Academia tipicamente escolheria.

Até dia 24 de Fevereiro, toca a ver tantos filmes quanto possível!

sábado, 23 de junho de 2012

Prometheus (Ridley Scott)


Prometeus: aquele que quis aproximar o Homem dos Deuses. Foi bem sucedido? Bem, nós Homens passámos a controlar o fogo, mas não correu nada bem para ele.

Prometheus é o regresso de Ridley Scott ao género de ficção-científica que ele criou. O hype à volta do filme é descomunal como seria de esperar.

Visualmente é perfeito, pelo menos dentro da promessa de filmes de ficção-científica. Não há sequer aquelas grandes explosões típicas e os seus grandes efeitos especiais. Não precisa. Vem provar que um filme destes pode ser visualmente muito moderno e clássico ao mesmo tempo, sem cair nessas artimanhas visuais para nos afastar da sua história ou do resto do cenário. Clássico, mais uma vez, dentro dos produtos de civilizações extraterrestres e seres fascinantemente horripilantes.
O 3D não é desperdiçado. Geralmente acho que o 3D não acrescenta nada ao filme, chegando aliás a fazê-lo perder a sua qualidade. Neste caso, mesmo sem acrescentar muito, também não tira nada, aconselho. Enfim, perfeição visual, que todos adoramos.

Mas será este filme um clássico? Boa pergunta.
Talvez não.

Apesar do seu visual, a história não é tão bem trabalhada como se esperava.
O hype extraordinário deste filme deve-se sobretudo a duas coisas: o regresso do realizador à safa de Alien (esta é uma prequela) e as questões que levanta: a origem da vida, o sentido da vida, o nosso papel no Universo.
Quanto ao primeiro ponto, é sem dúvida uma prequela que vem completar o passado do alien: de onde vem, o que é. Mas isso é pouco relevante para o filme em geral, que consegue afirmar-se como um filme único.
Quanto ao segundo ponto... São dadas de facto muitas perguntas dentro desse tema. Muitas mesmo. E são dadas ainda mais perguntas em relação aos seres extraterrestres que eles encontram no planeta (de onde é que esses vêm, o que é tudo aquilo que eles encontram pelo caminho). Mas poucas, muito poucas, praticamente nenhumas, são respondidas. O que custa muito. Quase que nos faz desejar que o filme não passasse de uma prequela e não tentasse ser um filme único por si só.

Tem um enredo relativamente simples e frequente dentro do género, ainda que com as suas variantes. Não deixou de surpreender e algumas cenas estão bem feitas, cenas que nos vão fazer lembrar do filme como nos lembramos de Casablanca com o seu "We'll always have Paris". Mas não é um filme inteligente, como se esperava. Perguntas todos colocamos, mas poucos filmes tentam respondê-las. Era isso que queríamos daqui, alguma teoria, e não temos nada disso. Só mais perguntas sem resposta.

O filme torna-se vulgar. Elegante, mas absolutamente vulgar. É assustador? Tem os seus sustos para quem é mais sensível suponho.

Talvez a sua sequela (sim, poderá haver um Prometheus 2) seja esse épico prometido.

É Michael Fassbender, no papel de um robô criado pelo Homem, uma máquina sem sentimentos, tão afastada da mentalidade humana mas de cuja interacção vai depender tanta coisa deste filme, e Noomi Rapace, no papel de uma crente na fé, a mulher que descobriu a terra alienígena, que emprestam ao filme o seu melhor. São actores extremamente dotados que se tornaram as suas personagens. São a antítese um do outro, o que por si só gera uma série de discussões, sobretudo teológicas. David, a personagem de Michael Fassbender, desperta em nós sentimentos contraditórios, como aliás é suposto, e não sabemos se havemos de gostar dele ou não. Sem dúvida, ambos são o ponto alto do filme.



P.S.: a caracterização de Guy Pearce (que tem o papel de um idoso muito, muito idoso) está vergonhosa. Custava assim tanto contratar um actor de facto idoso?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Take Shelter (Jeff Nichols)


Procuram Abrigo é a história de um marido e pai que começa a ter sonhos assustadoramente reais de uma tempestade apocalíptica, tão reais que ele acredita que essa tempestade está para vir. O problema, como seria de esperar, é que ninguém acredita nele. Os seus esforços para se preparar para a tempestade dos seus sonhos fazem com que ele seja visto como um lunático.

Trata-se de um filme muito mais negro do que dá a entender, mais dramático e, bem, mais parado do que um thriller normal. Esta é a história de um homem no princípio do que parece ser uma doença mental, esquizofrenia. Não é um filme com grandes cenas apocalípticas e o que tem de assustador é a noção de um homem com uma vida normal e que teme que isso acabe de um dia para o outro.
Tem, contudo, muito suspense. O suspense da verdade. O suspense do incerto. Será que virá aí alguma tempestade? Será que não é mais do que um homem à beira de um colapso mental? O que acontecerá a ele? O que acontecerá à família, que apesar de tudo e todos o apoia? Muitas as perguntas, mas é muito mais importante apreciar o filme do que respondê-las. É desse suspense que o filme é feito, é tentando manter esse suspense que vamos conseguir atravessar este filme.

Achei um filme consideravelmente negro e muito dramático. O que, confessemos, não é nada transmitido pelo póster oficial.


Não é possível vê-lo como um filme sobre um profeta. É sim um filme que discute o início da doença mental, que discute a situação do doente mental e das pessoas que o rodeiam, principalmente a sua família e vizinhos. Acredite ou não nas suas visões, todo o filme é isso e nada mais.

Michael Shannon presenteia-nos com uma actuação principal poderosa e credível, assim como Jessica Chastain confirma ser uma das melhores actrizes da nossa geração, como mulher da personagem principal.  Um dos temas fortíssimos do filme é a relação dele com a sua mulher. Jessica Chastain, por momentos, torna-se uma personagem principal por retratar tão bem a sua situação junto de um marido suspeitosamente louco, o quanto tem de ultrapassar para conseguir apoiá-lo.

Apesar de tudo, embora obviamente a crítica profissional adore este filme, talvez seja mais discutível entre visualizadores comuns. Da minha parte, vale a pena. Gostei muito do filme, é diferente e apesar de não me ter marcado profundamente não o vou, nem quero, esquecer. Contudo, é um filme relativamente lento e só é possível discutir sobre o filme se chegarmos ao fim. Aliás, como é muito hábito actualmente, o final é extremamente discutível (gostava que saísse um filme com um final verdadeiramente fechado para variar) e que, dependendo de cada um, faz-nos ver todo o filme de uma forma bastante, bastante diferente. Alguns gostam, outros odeiam. O próprio realizador disse que cada um deve tirar as suas conclusões, mas o final está escrito de tal forma que apenas acaba por pôr em causa a credibilidade do seu filme. A minha sugestão: não pensem demasiado. Por vezes o que está à nossa frente está mesmo à nossa frente.
Ou por vezes não.


sábado, 9 de junho de 2012

J. Edgar (Clint Eastwood)


J. Edgar Hoover foi o primeiro Director do FBI durante quase 30 anos, desde que o Departamento foi fundado até à sua morte. As suas acções foram determinantes para tornar não só o FBI como a maior agência de combate ao crime, mas após a sua morte ficou também envolto em polémica quando foram reveladas algumas das suas acções secretas, por vezes ilegais, sempre em prol do FBI e daquilo que ele acreditava ser o necessário para a paz do seu querido país.

J. Edgar reflecte não o percurso do FBI mas sim o percurso do seu director. O que não faz mal. É uma biografia sobre Hoover, é a história de J. Edgar, como director e pessoa, não do FBI em si. Deixou-me com vontade de conhecer melhor o departamento e as suas acções, mas abrange toda a vida profissional e pessoal de Hoover e, para mim, é tudo aquilo que um filme biográfico deve dar.

Leonard DiCaprio oferece o seu melhor papel até à data. Mais do que encarnar Hoover, encarna uma pessoa dura consigo própria e com os outros, implacável nos seus objectivos, o homem mais poderoso do país, mas ao mesmo tempo emocionalmente confuso, um homossexual (ou bissexual? Sexualmente confuso) "dentro do armário", cuja educação (a mãe) não ajudou para estabilizar os seus sentimentos. Uma performance estrondosa que poderia ter ganho qualquer prémio (Jean Dujardin, de O Artista, arrecadou quase todos os prémios, mas DiCaprio teria sido muito, muito mais merecedor).

Há quem se queixe que o filme se centra demasiado na sua relação com o seu braço direito, Clyde Tolson (Armie Hammer), por quem ele se encontrava apaixonado. Não acho. O filme fala tanto da sua vida como Director do FBI como também da sua vida pessoal, e é bastante completo em ambos os sentidos (ao contrário de A Dama de Ferro, que parece não conseguir decidir-se sobre o que quer falar). E a história de amor está tão bonita como outra qualquer, ainda que os seus sentimentos sejam sempre reprimidos.

Fica a vontade de conhecer ainda mais a história do FBI e todos os casos em que se envolveu.
Todos os actores estão excepcionais. É um prazer ver Naomi Watts num papel secundário, um pouco mais escondido, mas sempre notável. Não é o melhor filme realizado por Clint Eastwood, mas a história em si e os actores fazem-nos esquecer sobre esse assunto.
Ponto negativo: a maquilhagem. Enfim, Naomi Watts (a secretária de Hoover) e o próprio Hoover não estão muito mal caracterizados, mas o idoso Clyde Tolson parece ter uma máscara na cara.
Gostei. E é um "gostei" sólido.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Cosmopolis (David Cronenberg)


Cosmopolis. Pattisnon. Cronenberg.

Quase de certeza que pelo menos um destes três nomes o vão chamar à atenção.

O que me chamou a atenção foi o título. "Cosmopolis". O que significa? Porquê?

E depois vi o trailer.



Acho que não dá para perceber muito bem sobre o que é o filme. Mas uma coisa é certa: agarrou-me imediatamente. Talvez por não se dar a conhecer demasiado. A verdade é que o trailer transmite uma grande exaltação à volta de si próprio. Foi com essa ideia que entrei na sala de cinema. Comecem desde já a desiludir-se: este filme não tem nada de exaltante que o trailer transmite.

Confesso que, depois de um trailer como este, nada me fazia esperar que o filme não fosse mais do que uma longa reflexão filosófica sobre o mundo actual e o ciber-capitalismo. Nada nos salta à frente dos olhos, não há grandes revelações ou revoluções repentinas. Não há acção nenhuma.
 O filme não é mais do que um multimilionário (bilionário? Trilionário? Nunca chegamos bem a perceber, a não ser que gastar milhões para ele é como gastar poucos cêntimos para nós) que decide fazer um corte de cabelo. Esse corte tem de ser feito num barbeiro do outro lado da cidade. É mais difícil do que parece: o Presidente dos Estados Unidos da América está nesse momento na cidade, há um funeral a atravessar as ruas de Nova Iorque e algumas pessoas decidiram manifestar-se contra a situação social actual. Eric Packer, o milionário, atravessa a cidade, apesar da sua segurança estar em risco, e ao longo da viagem vai encontrando diferentes pessoas (sócios, amigos), com quem vai conversando. O carro (uma espécie de escritório móvel) é o principal espaço da acção.

Fiquei extremamente desapontado com o filme. Não é porque estivesse à espera de outra coisa, não sabia o que esperar. Simplesmente não funciona como deveria. É um filme demasiado intelectual que não se preocupa minimamente em tentar atingir o espectador. Toda a conversa gira à volta da situação económica mundial e do ciber-capitalismo. Como os avanços tecnológicos permitem-nos exercer um novo tipo de capitalismo, o ciber-capitalismo. Perante esta realidade futurista, o Homem torna-se um instrumento às mãos do próprio dinheiro, passa a controlar a sua vida com o próprio percurso dos valores monetários. E hoje vivemos na época de mudança para essa realidade, esse futuro. Mas é muito difícil seguir a conversa, o que impede de ter o impacto que deveria ter.

Muito bem realizado, sem dúvida. Visualmente muito apelativo. Boa produção. Ou seja, cinematograficamente, é um muito bom filme sim. Mas nada disso compensa a sua falta de sensibilidade. O filme é feito de diálogos, de nenhuma acção, mas não se preocupa em expressar as suas ideias.

Muito do que acontece no filme vai ter impacto em Eric. É na personagem principal que tudo vai colidir e, ao longo da sua viagem de carro, vamos estudando uma pessoa misteriosa mas cuja personalidade se desenrola à frente dos nossos olhos, mudando bastante do início até ao fim. Talvez o clímax deste filme seja de facto essa mudança, como que uma revelação que o multimilionário tem sobre a vida, sobre o que o rodeia, sobre o seu destino e as suas motivações para viver. Infelizmente, creio que faltou alguém mais experiente no papel da personagem principal, em vez de Robert Pattinson.
O actor tornou-se famoso com a saga Twilight, ao lado de Kristen Stewart. Contudo, não é segredo nenhum que estes filmes têm recebido críticas bastante negativas e a prestação dos actores é vista como medíocre. Cosmopolis vem, portanto, tentar mostrar ao mundo um diferente Pattinson, não o actor principal num filme para raparigas adolescentes mas sim um actor maduro e que sabe representar. A crítica tem sido bastante favorável para ele, como seria de esperar. Pessoalmente, acho que não provou as suas aptidões. É um actor com relativa pouca experiência e é isso que transmite. Ainda é muito cedo para carregar um filme inteiro nas suas costas, duas horas em que aparece todos os segundos. Sem querer dizer que Pattinson não seja um bom actor, não está ainda preparado para um filme só para si.
Se há bons actores neste filme, são Paul Giamatti (esse sim de uma enorme experiência), Julliette Binoche (com um papel pequeno mas que não é esquecida) e até Sarah Gadon (mais desconhecida, que representa a mulher do milionário) nos desperta enorme curiosidade.

Cosmopolis não tem impacto. Apesar dos seus inúmeros diálogos, não atinge o visualizador e nem sequer se esforça para o fazer. É um filme muito bem realizado, com uma boa cinematografia, mas o seu conteúdo não funciona. Tentaram criar uma situação que transmitisse aquilo que o mundo actual está a transformar-se, mas em vez disso confudem-nos.

O fim... Não vou revelar nada, mas é um fim em aberto. O que está muito na moda, mas absolutamente desnecessário neste filme.


domingo, 15 de abril de 2012

8/12 Festa do Cinema Italiano


Convido todos os interessados em cinema a assistir a este magnífico festival, que vai ganhando dimensão e tradição em Portugal.
Já está a ocorrer em Lisboa, até dia 19 de Abril, quinta-feira. Traz consigo um cartaz muito cativante e uma oportunidade extraordinária de conhecer o mais recente do cinema Italiano.
Infelizmente não nos dá a conhecer nenhum Fellini, nem nos apresenta a lindíssima Sophia Loren, mas esse não é de qualquer forma o objectivo do festival. Apresenta filmes modernos, os melhores, os aclamados pela crítica (como Il Divo), mas a maioria deles mais independentes e desconhecidos pelo público.

Tenho tido a oportunidade de assistir a alguns filmes do programa, e continuarei a assistir, pelo que vou publicando as minhas críticas à medida que os vou vendo (peço desculpa por não poder aconselhar nenhum de antemão, pois não conheço nenhum! Ainda assim, acho que estes festivais de cinema têm a sua graça na aventura e em partir à descoberta de um filme desconhecido).

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Shoot it!


Há algum tempo que me surgiu a vontade de avançar para um novo blogue. O Cantinho do Bookaholic começou há muito, muito tempo, já passou por muitas evoluções, muitas leituras, e o meu sentimento para com o exercício da escrita de críticas também foi mudando.

Abro este blogue com o mesmo sentimento com que abri o primeiro, há alguns anos. Leio opiniões de filmes pela Net fora e sinto que fica sempre uma palavra por ser dita: a minha. Tal como adoro Literatura, adoro Cinema.
Escrever críticas de cinema é muito diferente de escrever críticas para livros. Ou talvez o seja para mim, que já tenho mais experiência quanto a escrever sobre livros. De qualquer forma, começo este desafio com verdadeiro entusiasmo.
Portanto, sentem-se no sofá, saiam de casa e vão ao cinema, há muito para ver e discutir!